quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sinal da Cruz


Sempre coloco meu filhinho para orar antes de dormir, ensinando que, nos momentos de repouso do corpo, nosso espírito, liberto dos grilhões do corpo físico, busca as afinidades que lhe são próprias. Através do exercício diário, intento que ele compreenda que, orando, nos afinamos com os Irmãos iluminados, com quem podemos haurir novos ensinamentos e fortalecimentos para alma.

Como meu marido é católico, e lhe ensinou o sinal da cruz, ele o faz. Sentadinho, em tom solene, ele diz:"Em nome do Pai, do Filho e do "ipíito O Santo", A- mém".

Dia desses lembrei, observando-o adormecer - rogando ao Mestre Bondoso que o envolva na sua luz em sua viagem espiritual - que quando pequena, sempre fazia o sinal da cruz. Ao entrar na escola, ao deitar, e em momentos outros, aquele gesto me confortava e me fazia sentir protegida. Ligava minh´alma à de Jesus, através do símbolo de Seu sofrimento por nós. Aquele símbolo de humildade, para mim era um símbolo de força. Na minha mente, a Cruz, instrumento redentor da humanidade, ficava à minha frente, impregnada no meu espírito. Para mim, era concreta.

Depois, fiquei buscando na minha memória, quando foi que eu deixei de fazer o sinal da cruz. Busquei, caminhei pelas memórias...não sei.

Fiquei me perguntando: por que é um símbolo católico e eu sou espírita? Não vejo por que não fazer, refletí. O ser humano de desenvolve nos símbolos filosóficos.Se é positivo, por que não?

Como espíritas devemos saber reconhecer as conribuições decisivas e pontuais das outras religiões no refazimento da alma. Muitos irmãos reencontram o Mestre nos templos neo-pentecostais, na Igreja Católica. A filosofia crística se encontra nos ensinamentos budistas, indus. A pedagogia divina está no Corão. As linguagens são muitas, os entendimentos também. A fonte, entretanto, é UNA: Deus-Pai origem, fonte e destino de todas as coisas.

Os espíritas sabemos que a terra ainda é um planeta de provas e expiações e que nele ainda se encontream serem em diversos graus evolutivos. A humanidade é heterogênea no que diz respeito à evolução espiritual. Nós temos o conhecimento da Terceira Revelaçaõ, que chegará aos poucos, ao entendimento dos demais. Precisamos ser tolerantes, respeitosos, menos arrogantes. Essa a questão que nos detém. Não somos eleitos, somos os trabalhadores da última hora.

Voltei a fazer o sinal da cruz.

Quero tê-lo gravado e respandecendo no meu perispírito. Enquanto não estou apta a ter minha própria luz, rogo a Nosso Senhor Jesus Cristo que a Dele brilhe em meu espírito.

Assim seja,

Muita Paz.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Um ano de orações!

O Projeto de Evangelização de Adultos completará 1 ANO no próximo 02 de novembro. Durate esse curto tempo de vida, muitos abraços foram dados, muitas almas foram fraternalmente afagadas...o Senho Jesus nos tem abençoado.
Há muitos agradecimentos: do lado de cá às queridíismas Jane e Edinalva, edilice e Sebastiana(Babá), Jaci Plácido e todos os outros que sempre estão no projeto.
Esse singelo grupo não tem pretenções maiores, além de rogar ao Mestre de todos nós que não desvie de nós e de nossos irmãos o Seu Olhar de Bondade, Piedade e Misericórdia.
Muitas vezes nós precisamos. Todas as vezes fomos chamados à responsabilidade e à noção de que não somos maiores do que ninguém que adentre aquela Santa Casa.
Nesse dia, porém, iremos agradecer, agradecer, agradecer...

Um abraço ao Irmão Calixto que sempre nos apoia.
Venha dividir com a gente essa felicidade.

Aquele Abraço!
Renata Duarte
Coordenadora do Abraço Fretrno.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Viver melhor

Autor: André Luiz (espírito).

Todos queremos ser felizes, viver melhor. Entretanto, ouçamos a experiência.
A felicidade não é um tapete mágico. Ela nasce dos bens que você espalhe, não daqueles que se acumulam inutilmente. Tanto isto é verdade que a alegria é a única doação que você pode fazer sem possuir nenhuma.
Você pode estar em dificuldade e suprimir muitas dificuldades dos outros.
Conquanto às vezes sem qualquer consolação, você dispõe de imensos recursos para reconfortar e reerguer os irmãos em prova ou desvalimento.
A receita de vida melhor será sempre melhorar-nos, através da melhora que venhamos a realizar para os outros.
A vida é dom de Deus em todos.
E quem serve só para si não serve para os objetivos da vida, porque viver é participar, progredir, elevar, integrar-se.Se aspirarmos a viver melhor, escolhamos o lugar de servir na causa do bem de todos.
Para isso, não precisa você acondicionar-se a alheios pontos de vista.Engaje-se na fileira dos servidores que se lhe afine com as aptidões.Aliste-se em qualquer serviço no bem comum. É tão importante colaborar na higiene do seu bairro ou na construção de uma escola, quanto auxiliar a a uma criança necessitada ou prestar apoio a um doente.
Procure a paz, garantindo a paz onde esteja.Viva em segurança, cooperando na segurança dos outros. Aprendamos a entregar o melhor de nós à vida que nos rodeia e a vida nos fará receber o melhor dela própria.
Seja feliz, fazendo os outros felizes.
Saia de você mesmo ao encontro dos outros, mas não resmungue, nem se queixe contra ninguém. E os outros nos farão encontrar Deus. Não julgue que semelhante instrução seja assunto unicamente para você que ainda se acha na Terra. Se você acredita que os chamados mortos estão em paz gratuita, o engano é seu, porque os mortos se quiserem paz que aprendam a sair de si mesmos e a servirem também.

Psicografia de Chico Xavier. Do livro Respostas da Vida.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

IDENTIDADE

Sabemos que estamos aqui para crescer, para evoluir. Ponto. E, que o esforço dever ser nosso. Ponto final. No Livro dos espíritos, encontramos a proposição de que para evoluir o homem deve desenvolver suas múltiplas capacidades: as intelectuais e as morais. Para se tornar angélico, o espírito imortal deve aprender tudo. Pois, esses Irmãos Maiores, têm a responsabilidade de serem os executores da Vontade Divina.

O homem encarnado, portanto, está aqui - ou melhor, vem aqui, na terra, a este planeta de provas e expiações, para crescer, sobretudo aprender.

Cada encarnação equivale, na eternidade, a um dia de trabalho. Um dia apenas. Pouquíssimo tempo. Tempo escasso demais para perdermos o foco verdadeiro de nossa estada sobre esse chão abençoado.

Sobre a terra, através das sucessivas vidas, o homem vai se despojando de suas imperfeições, vai se desprendendo dos ditames da matéria, vai se eterizando até não mais precisar encarnar, passando a ser trabalhador consciente da Seara do Mestre, o Construtor da Vida.

Instintivamente, geração pós geração, nas fases de sua evolução, por que a misericórdia de Deus é Grande e Infinita, o homem se questionou:

1. De onde venho?
2. Para onde estou indo?

Duas perguntas. Naquele momento, o homem sabia que nascia do ventre de sua mãe e que depois morreria. Mas de onde surgia a criança? E aquele "querer" que havia dentro dele? Simplesmente deixaria de existir com a deterioração do corpo? O homem primitivo vivia em contato muito estreito com a natureza e com o mundo espiritual. Portanto, ele intuía, sentia que havia algo mais. Ele começara a se religar.

E seu questionamento começou a se aprofundar:

1. Quem eu sou?
2. De onde venho?
3. Para onde estou indo?

“Quem eu sou?” (...) A questão sobre a identidade surge e, é a partir desse momento que o homem, passando a se reconhecer como um sujeito, inicia sua gloriosa caminhada, pois até então ele esperava.

Essa questão fundamental é a força motriz da evolução moral.

Passaram-se os milênios e doutrinas profundas (como os Vedas, como o Budismo, como o Tao Te King), foram arando o terreno para a espiritualização da terra. Mas toda evolução é lenta. Toda transmutação de elementos é trabalhosa e profunda e, é regida por leis que desconhecemos – que intuímos, mas ainda desconhecemos.

Foram necessários milhares de anos, uns 10.000 anos, toda uma Era, para que o Cristo pudesse intervir. Para que Ele mesmo nos fizesse dar o salto, acelerar o passo, pois estávamos renitentes.

A Luz do Cristianismo finalmente chegava ao mundo, mas, tínhamos olhos, porém não víamos. Ainda não queremos ver, por que nossa porção animal, ainda muito presente, não deixa.

Hoje, num movimento fabuloso da Espiritualidade Maior, vemos homens e mulheres propagando a busca equilibrada do Eu consciente e pleno. Assim, nós homens encarnados e desencarnados temos sido levados a aprofundar a reflexão sobre nós mesmos. Temos sentido a inteira necessidade de melhorar, de seguir por um caminho seguro; trabalhoso porém recompensador: o da auto-iluminação.

Agora, reflexionamos:


1. Quem eu sou?
2. De onde venho?
3. Por que estou aqui?
4. O que posso fazer?

5. Para onde estou indo?

1. Quem eu sou? É uma questão sobre identidade. De auto-reconhecimento. Para buscar a resposta para essa proposição, devemos ser capazes de olhar fundo na nossa alma e encontrar, nos seus recônditos, tudo aquilo que nos forma.
2. De onde eu venho? É uma questão sobre a fonte. Devemos buscar o entendimento de que, se Deus é a Fonte da VIDA, silogismo simples, viemos Dele. Devemos buscar em nossa consciência o motivo de nosso apartamento Dele. Devemos manter nossa mente alerta para que, quando se nos apresente o ensejo do retorno ao Seio do Pai, estejamos prontos a arregaçar as mangas para seguí-lo.
3. Por que estou aqui? Essa é uma questão sobre propósito. O tempo urge, devemos buscar a resposta para essa questão. Nós temos muitos planos: queremos isso, aquilo. Planos e desejos, são coisas humanas. Propósito vem de Deus. O que Deus quer de nós. O que cada um tem para oferecê-lo? Deus está interessado nos nossos Propósitos, na nossa Evolução, no nosso retorno à Fonte. Essa deve ser nossa questão norteadora.
4. O que posso fazer? Essa é uma questão sobre potencial.Sobre sua habilidade. Sobre capacidade. E também sobre vontade, disposição. Pontecial é algo que se desevolve.
5. Para onde estou indo? Uma questão sobre destino. Devemos querer retornar. Saímos da casa de nosso Pai inocentes. Mas precisávamos nos desenvolver. Deus plantou em nós a vontade de sermos perfectíveis, a curiosidade. O nosso destino é comungarmos da presença de Jesus, e de Deus, como Nosso Irmão maior já o desfruta.Nosso destino é evoluir.

"Tais perguntas devem ser respondidas para se viver uma vida feliz"(Myles Munroe). Essas respostas terão sido encontradas pelo espírito feliz, ditoso. A plena consciência de nossos papéis no mundo só pode ser adquirida - sim, por que consciência se adquire com o esforço íntimo, lutando o bom combate, contra sua animalidade – se buscarmos nos desenvolver intimamente.

Mas, por que estou dizendo isso? Por que, sabemos que crescemos na medida em que aprendemos a nos relacionar com o nosso semelhante. Jesus disse: “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Fazendo isso, alcançaremos nossa plenitude como homens. Mas, se amarmos uns aos outros como Ele nos amou, então estaremos encontrando nossa porção divina, como Irmãos a quem recorremos sempre, o fizeram.

Os grupos em que nos inserimos: o trabalho, a escola, o bairro, a cidade, o Estado, o País, são exatamente os grupos em que devemos estar para os aprendizados necessários a nossa iluminação. Nós mesmos hoje, aqui, nascemos para estarmos aqui nesse momento. E a família? Irmãos, conjugues, cunhados, sogros, primos, tios, avós... E nossos pais? E nossos filhos?

Um dia, fomos filhos. Hoje, somos pais, com deveres muito grandes, extensos e muitas vezes apenas intuitivos. Mas, se tivermos nossa mente ativa para nossos questionamentos fundamentais, conseguiremos cumprir nossa tarefa até onde ela nos foi confiada, por que não devemos esquecer que ali se encontra um irmão que tem seus próprios propósitos a descobrir.

Se não soubermos como responder a essas cinco questões norteadoras como seremos capazes de nortear nossos filhos? Para sermos "Pais", precisamos desenvolver um profundo autoconhecimento e jamais desistir de lograr a tão propalada e necessária reforma íntima.

Sabemos que se educa com amor. O que é amor? Hoje, temos o desafio do limite...Temos que extirpar da sociedade as variadas formas de violência, as inúmeras expressões do egoísmo. Esse é o chamamento. Mas, como fazê-lo? Somos apenas uns poucos. Cada um há de começar o trabalho dentro de seu próprio lar. Se puder, nos lares dos outros também. Mas nossa tarefa primaz é a de EDUCAR. De dar os alicerces espirituais, de ajudar na construção do arcabouço moral para a evolução daquele espírito que nos foi confiado por Deus, por algum motivo.

Precisamos fazer vibrar, desde a mais tenra idade, naquela mente, no momento ainda maleável (e essa é a função da infância: a maleabilidade da mente para novos aprendizados), naquele espírito imortal, tão antigo quanto nós, com uma história tão longa e repleta de acontecimentos como a nossa, a noção de quem ele é, de quem ele deveria ser, e qual o seu destino.

Certo dia meu filho, depois de um momento pensativo, veio me perguntar: “Mamãe, eu sou uma pessoa de verdade?”.

Essa é uma questão que encerra: “Que eu sou?” “De onde vim?” “Qual o meu destino?”.

Crianças são capazes de fazer esse tipo de questionamento por que são espíritos imortais, momentaneamente infantilizados para se prepararem adequadamente para suas tarefas pessoais.

Uma vez, vi perguntarem a uma criança o que ela queria ser quando crescesse. Ela respondeu: "livre".

Essa consciência da vida espiritual está muito viva na criança: devemos ensinar a espiritualidade com Jesus às crianças. Se não for possível a espírita, que seja cristã, se não for cristã, que seja outra qualquer que esteja fundada no respeito, na harmonia, na generosidade, na compaixão, na ética.

E o pai, nisso tudo? O homem. Essa energia masculina necessária a construção de valores importantes tanto para o homem e como para a mulher?

Costumamos ressaltar o fundamental e indispensável papel da mãe. Mas temos sido desleixados em tratarmos da questão da paternidade. Estamos deixando ficar fácil pra eles e com isso, faltando à caridade.

De alguma forma, hoje em dia, o homem contemporâneo já está buscando instintivamente esse lugar diferenciado, esse papel importante, essa função emocional na vida do filho também.

Na antiguidade, quando o ser humano só se perguntava de onde tinha vindo e pra onde ia, ainda não havia essa noção de poder parental que encerra em si um direito e um dever. Mas, quando o ser humano se perguntou sobre QUEM ele era, então se começaram a definir os papéis.

Até outro dia, o homem era o provedor, o caçador, o guerreiro, o defensor de feras e de outras tribos. Ele garantia a segurança das gerações futuras, ele queria preservar seu gene. Ele também queria destruir os frutos dos seus inimigos para que somente os seus florescessem.

Hoje, não é mais necessário nada disso e, descobrindo-se sentimental, capaz de amar e de chorar, o homem, a essência masculina do espírito, percebe que há algo mais a cultivar.

Uma amiga relatou esse caso:
Psicóloga, que trabalhava crianças no caminho da adoção, não muito pequenas, ao perguntar o que era um pai para elas, uma respondeu: “pai, pra mim, é aquele cara grande e forte que fica do lado da mãe protegendo ela e o filho”. Essa criança viu seu pai biológico ser violento com sua mãe. Mas ela ainda tinha a esperança de encontrar essa doçura, mesmo que n´outro homem. Ela ainda sonhava com seu protetor.

Costumamos reverberar que pai é força, é segurança, é mão firme, passos determinados. O pai não é tão macio, tem o cheiro diferente, tem cabelo no corpo, a voz é grave, a mão é maior...Pai é todo diferente. Mas como são especiais os momentos que passamos com eles. Aquelas conversas... Os meninos compartilham com o pai o gosto pelo futebol, pelos carros, pelas tarefas masculinas. Aprendem a tratar uma mulher. Aprendem a ser honestos, firmes, decididos, corajosos. As meninas aprendem a ver no pai um modelo desejável de pai para os filhos delas: um homem bom, amoroso com sua esposa, dedicado aos filhos e à família plenamente. Que ama e que protege.

E qual a responsabilidade de uma pai que, por causa de seu exemplo afasta os filhos da religiosidade necessária a elevação do espírto. Esse indivíduo não sabe como é belo o homem que ora, que tem fé.

Um pai deve ser antes de tudo um PAI. Tem que saber ponderar, dizer não na hora certa, chamar o filho à responsabilidade e que ter a consciência de que se, é um pai, veio de Deus com o propósito de ajudar um irmão em sua evolução, que sabe que está aqui por isso, que tem e busca desenvolver seus potenciais divinos, intelectuais e morais para tal missão, e que retornará a casa de SEU PAI, consciente de que, se não conseguiu cumprir com todo o programa determinado por Deus, com certeza se esforçou por lograr êxito. E o NOSSO PAI, jamais deixa de recompensar aquele que trabalha.

Um pai é o exemplo. Jesus nos deu essa dimensão alcançável: “Sedes perfeitos como o Pai que está nos céus é perfeito”.

Seremos todos de Jesus.

Muita Paz,
Renata Duarte.
Avante!


Referencias:

Evangelho Segundo o Espiritismo
Livro dos Espíritos
Palestra do Pr. Myles Monroe.
Palestra de Paiva Neto.
Mentores Espirituais.

Hálito Mental

Para REFLETIR.

(...)“Assim como o hálito bucal sertã determinado pelo tipo de alimento ou bebida que ingerimos, o hálito mental será determinado pelo tipo de pensamento que nutrimos. Os espíritos, todos eles, percebem o ambiente psíquico de uma pessoa. As idéias são criações de nosso espírito, idéias essas que se projetam no espaço e no tempo, adquirindo forma, movimento, direção e tonalidades equivalentes à sua natureza”.

(...) “Os problemas materiais, os instintos ainda falando alto, na intimidade do próprio coração, a inclinação ao personalismo e à vaidade, à prepotência e ao amor-próprio, enfim a condição ainda deficitária de sua individualidade espiritual, concorrem para que o Mais Alto encontre, nesta altura dos tempos, forte obstáculo à livre, plena e espontânea manifestação”.

Fragmento do livro
Estudando a mediunidade de Martins Peralva.

sábado, 19 de junho de 2010

A Estrela Guia


"Somos seres espirituais vivendo uma experiência física". Essa frase encerra diversos aspectos que devemos atentar ao longo dessa vida. A experiência física, dinâmica e toda ela Dom de Deus e de Sua Misericórdia,apresenta-mos inúmeras formas de aprendizado e de crescimento espiritual. No Livro dos Espíritos, encontraremos na orientação dos Espíritos Superiores, a afirmativa de que o progresso é inexorável e contínuo.
As relações do indivíduo com seu entorno, em maior ou menor entrosamento, toda e qualquer relação, pode representar para a alma encarnada um aprendizado, uma prova, uma expiação.
Há, porém, aquele momento em que se nos exige maior apuramento da mente, maior discernimento, maior busca pela ética e a moral Cristã, maior aproximação com as Leis de Deus.
Essas encruzilhadas, quando caminhos que levam a desfechos diferentes se descortinam à nossa frente, são os momentos de impulso no nosso desenvolvimento.
Pensar com clareza, com serenidade, com sabedoria na maioria das vezes é muito difícil.
O que fazer, então, nesses momentos? Lançar mão à sorte? Apenas sentar-se à beira do caminho e ali estagnar, sem arriscar-se a seguir uma trilha? Voltar por sobre o nosso rastro?
Para se sair de um labirinto, é necessário ir pela tentativa e erro, ou elevar-se acima dele. Elevar-se parece ser o mais sensato, pois, na tentativa e erro, perde-se tempo, forças, esperanças. Poder-se-ía até desfalecer. Mas elevar-se acima...a visão ampla de todo o quadro fará de pronto que se identifique o caminho a seguir e como é a porta que nos espera na chegada.
Há que se dizer: "mas, olhar acima é incorreto"! Não, quando se trata de progresso espiritual, e não seremos nós que olharemos e sim Jesus.
Sim! Ele! O Amigo Excelente sempre disposto a nos guiar. Ele nos guiará e caminhará ao nosso lado. Sustentará a nossa cruz e limpará nosso suor. Ele abrandará as dores causadas pelos espinhos e enxugará nossas lágrimas. E nos mostrará o caminho, mas não caminhará por nós.
Cabe a cada um, seguí-lo. Cabe a cada um rogar aos céus por Sua Orientação Amorosa. Como a estrela de belém, ele brilhará à nossa frente. Como o anjo, desviará os inimigos. Como a manjedoura, nos oferecerá o acolhimento.
Para sabermos, diante de uma encruzilhada qual caminho seguir, entreguemos primeiro nossas almas e pensamentos ao Cristo consolador. Deixemos que Sua Majestosa luz penetre nosso ser e nos inspire. Saibamos ouví-lo. E se o caminho nos parecer árduo demais, não percamos a confiança, pois assim como Nosso Pai que está nos Céus, Jesus, seu Filho dileto, sabe e vê todo o caminho que percorremos e que haveremos de percorrer ainda, pelos séculos dos séculos.
Esperança, Fé e Caridade sempre!
Seremos Todos de Jesus.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O Desencarne de Chico Xavier...


Há 6 anos, no dia 30 de Junho de 2002, nosso querido Chico Xavier retornava ao Plano Espiritual. Relembrando esta data, trago para vocês uma breve descrição do que ocorreu ‘do outro lado da vida’ (paralelamente ao velório no plano físico): uma merecida recepção a esse maravilhoso médium, que tanto fez pela Doutrina Espírita e por todos nós... Que todos nós possamos aproveitar para refletir...

(Esta descrição foi realizada pelo Espírito Inácio Ferreira, e está presente no livro “Na Próxima Dimensão”, psicografado pelo médium Carlos Alberto Baccelli.)

*** *** ***

(...) No Mundo Espiritual, nosso irmão Lilito Chaves veio ao nosso encontro e anunciou o que, desde algum tempo, aguardávamos com expectativa: a desencarnação do médium Francisco Cândido Xavier, o nosso estimado Chico. O acontecimento nos impunha rápidas mudanças de planos, improvisamos uma excursão à Crosta para saudar aquele que, após cumprir com êxito a sua missão, retornava à Pátria de origem.

Assim, sem maiores delongas, Odilon, Paulino e eu, juntando-nos a uma plêiade de companheiros uberabenses desencarnados, rumamos para Uberaba no começo da noite daquele domingo, dia 30 de junho.

A caminho, impressionava-nos o número de grupos espirituais, procedentes de localidades diversas, do Brasil e do Exterior, que se movimentavam com a mesma finalidade.

Todos estávamos profundamente emocionados e, mais comovidos ficamos quando, estacionando nas vizinhanças do “Grupo Espírita da Prece”, onde estava sendo realizado o velório, com o corpo exposto à visitação pública, observamos uma faixa de luz resplandecente, que, pairando sobre a humilde casa de trabalho do médium, a ligava às Esferas Superiores, às quais não tínhamos acesso.

Conversando conosco, Odilon observou:

— Embora, evidentemente, já desligado do corpo, nosso Chico, em espírito, ainda não se ausentou da atmosfera terrestre; os Benfeitores Espirituais que, durante 75 anos, com ele serviram à Causa do Evangelho, estarão, com certeza, à espera de ordens superiores para conduzi-lo a Região Mais Alta... De nossa parte, permaneçamos em oração, buscando reter conosco as lições deste raro momento.

Aproximando-nos quanto possível, notamos a formação de duas filas imensas, constituídas de irmãos encarnados e desencarnados, que reverenciavam o companheiro recém-liberto do jugo opressor da matéria: eram espíritos, no corpo e fora dele, extremamente gratos a tudo que haviam recebido de suas mãos, a vida inteira dedicadas à Caridade, nas mais fiel vivência do “amai-vos uns aos outros”. Mães e pais que, por ele haviam sido consolados em suas dores; filhos e filhas que puderam reatar o diálogo com os genitores saudosos, escrevendo-lhes comoventes páginas do Outro Lado da Vida; famílias desvalidas com as quais repartira o pão; doentes que confortara agonizantes em seus leitos; religiosos de todas as crenças que, respeitosos, lhe agradeciam o esforço sobre-humano em prol da fé na imortalidade da alma...

Não registramos nas imediações, é bom que se diga, um só espírito que ousasse se aproximar com intenções infelizes. Os pensamentos de gratidão e as preces que lhe eram endereçadas, formavam um halo de luz protetor que tudo iluminava num raio de cinco quilômetros; porém essa luz amarelo-brilhante contrastava com a faixa de luz azulínea que se perdia entre as estrelas no firmamento.

A cena era grandiosa demais para ser descrita e desafiaria a inspiração do mais exímio gênio da pintura que tentasse retratá-la. Uma música suave, cujos acordes eu desconhecia, ecoava entre nós, sem que pudéssemos identificar de onde provinha, como se invisível coral de vozes infantis, volitando no espaço, tivesse sido treinado para aquela hora.

Espíritos mais simples que passavam rente comentavam:

— “Este é um dos últimos... Não sabemos quando a Terra será beneficiada novamente por um espírito de tal envergadura”; “Este, de fato, procurava viver o que pregava” “Quem nos valerá agora?”; “Durante muitos anos, ele matou a fome da minha família... “Lembro-me de que, certa vez, desesperado, com a idéia de suicídio na cabeça, eu o procurei e a minha vida mudou”; “Os seus livros me inspiraram a ser o que fui, livrando-me de uma existência medíocre”; “Quando minha avó morreu, foi ele quem pagou seu enterro, pois, à época, éramos totalmente desprovidos de recursos”; “Fundei minha casa espírita sob a orientação de Chico Xavier, que recebeu para mim uma mensagem de incentivo e de apoio”; “Comigo, foi diferente: eu estava doente, desenganado pela Medicina, ele me receitou um remédio de Homeopatia e fiquei bom”...

Os caravaneiros não cessavam de chegar, todos portando flâmulas e faixas com dizeres luminosos; creio sinceramente que, em nosso Plano, jamais houve uma recepção semelhante a um espírito que tivesse deixado o corpo, após finda a sua tarefa no mundo; com exceção do Cristo e de um ou outro luminar da Espiritualidade, ninguém houvera feito jus ao aparato espiritual que se organizara em torno do desenlace de Chico Xavier.

Com dificuldade, logrando adentrar o recinto do “Grupo Espírita da Prece”, reparamos que uma comissão de nobres espíritos, dispostos em semicírculo, todos trajando vestes luminescentes, permanecia, quanto nós mesmos, em expectativa. Odilon sussurrou-me ao ouvido:

— Inácio, estas são as entidades que trabalharam com ele na chamada “Coleção de André Luiz”; são os Mentores das obras que o nosso André reportou para o mundo, no desdobramento do Pentateuco Kardeciano: Clarêncio, Aniceto, Calderaro, Áulus e tantos outros...

E aqueles que estão imediatamente atrás? — indaguei.

— São alguns representantes da família do médium e amigos fiéis de longa data.

— E onde estão Emmanuel, nosso Dr. Bezerra de Menezes e Eurípedes Barsanulfo? Porventura, ainda não chegaram?...

— Devem estar — respondeu — cuidando da organização...

Ao lado do seu corpo inerte, nosso Chico, segundo a visão que tive, me parecia uma criança ressonando, tranqüila, no colo de um anjo transfigurado em mulher, fazendo-me recordar, de imediato, a imagem de “Pietà”, a famosa escultura de Michelangelo.

— Quem é ela? — perguntei.

— Trata-se de D. Cidália, a sua segunda mãe...

— E D. Maria João de Deus?...

— Ao que estou informado — esclareceu Odilon —, encontra-se reencarnada no seio da própria família.

— E seu pai, o Sr. João Cândido?

— Está em processo de reencarnação, seguindo os passos da primeira esposa.

Adiantando-se, nosso Lilito indagou:

— Odilon, na sua opinião, por que o Chico está parecendo uma criança?

— Ele necessita se refazer, pois o seu desgaste, como não ignoramos, foi muito grande, mormente nos últimos anos da vida física; nosso Chico carece de se desligar completamente...

— Perderá, no entanto, a consciência de si?

— É evidente que não. O seu verdadeiro despertar acontecerá gradativamente, à medida em que se recupere da luta sem tréguas que travou... Aliás, a Espiritualidade Superior, nos últimos três anos, vinha trabalhando para que a sua transição ocorresse sem traumas, tanto para a imensa família espírita, que o venera, quanto para ele próprio.

Inúmeras caravanas e representações continuavam chegando, formando extensas filas, que se postavam paralelas às filas organizadas pelos nossos irmãos encarnados, a comparecerem ao velório para render a Chico Xavier merecidas homenagens.

Dezenas e dezenas de jovens formavam grupos especiais que vinham recebê-lo no limiar da Nova Vida, gratos por ter sido ele o seu instrumento de consolo aos familiares na Terra, quando se viram compelidos à desencarnação...

A tarefa de Chico Xavier — explicou Odilon, emocionado — não tem fronteiras; raras vezes, a Espiritualidade conseguiu tamanho êxito no campo do intercâmbio mediúnico... No entanto a força que o sustentava nas dificuldades vinha de Cima, pois, caso contrário, teria sucumbido às pressões daqueles que, encarnados e desencarnados, se opõem ao Evangelho. Chico, por assim dizer, ocultou-se espiritualmente em um corpo franzino e deu início ao seu trabalho, sem que praticamente ninguém lhe desse crédito; quando as trevas o perceberam, já havia atravessado a faixa dos vinte de idade e em franco labor, tendo pronto o “Parnaso de Além-Túmulo”, a obra inicial de sua profícua e excelente atividade psicográfica...

Estávamos todos profundamente emocionados. A multidão, dos Dois Lados da Vida, não parava de crescer e, assim como no Plano Físico os policiais cuidavam da organização, na Dimensão Espiritual em que nos situávamos, Entidades diversas haviam sido encarregadas de disciplinar a intensa movimentação, sem que nenhum de nós se sentisse encorajado a reclamar qualquer privilégio com o propósito de uma maior aproximação. Quase todos nos conservávamos em atitude de profundo silêncio e de reverência.

Os grupos de espíritos que haviam, ao longo de seus 75 anos de labor, trabalhado com o médium, com exceção, evidentemente, daqueles que já haviam reencarnado, se faziam representar pelos seus maiores expoentes no campo da Poesia e da Literatura.

Próximas a Cidália, em cujos braços Chico Xavier descansava, à espera de que o cortejo fúnebre partisse conduzindo os seus restos mortais, notei a presença de algumas entidades femininas que eu não soube identificar.

— Quem são? — perguntei a Odilon, que era um dos poucos dentre nós com plena liberdade de movimentar-se.

— Aquelas quatro primeiras, são as nossas irmãs Meimei, Maria Dolores, Scheilla e Auta de Souza; as demais são corações maternos agradecidos que, em uma ou outra oportunidade, se expressaram pela mediunidade psicográfica do nosso Chico.

— Quem estará na coordenação do evento? — insisti, ansioso por maiores esclarecimentos.

— O Dr. Bezerra de Menezes e Emmanuel, assessorados diretamente por José Xavier — respondeu.

— José Xavier?...

— Sim, o irmão do médium, que está conduzindo um grupo de espíritos amigos de Pedro Leopoldo e região; quando Chico se transferiu para a cidade de Uberaba, em 1959, os seus vínculos afetivos com a sua terra natal não se desfizeram; os espíritas que constituíram o Centro Espírita “Luiz Gonzaga” sempre se sentiram membros de uma única família.

— E aquele casal mais próximo que, de quando a quando, dialoga com Cidália?

— José Hermínio e D. Carmem Perácio; foram eles que iniciaram Chíco Xavier no conhecimento da Doutrina Espírita, doando-lhe exemplares de “O Livro dos Espíritos” e de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”...

Pude perceber, com clareza, que os filamentos perispirituais que uniam o espírito recém-desencarnado ao corpo enrijecido, se enfraqueciam gradualmente; sem dúvida, o médium, assim que se lhe cerraram os olhos físicos, desprendeu-se da forma material, no entanto, devido à necessidade de permanecer durante 48 horas exposto à visitação pública, conforme era seu desejo, exigia que o corpo, de certa forma, continuasse a receber suplementos de princípio vital, evitando-se os constrangimentos da cadaverização. Embora aconchegado aos braços daquela que havia sido na Terra a sua segunda mãe e grande benfeitora, o espírito Chico guardava relativa consciência de tudo...

As expectativas de quase todos, porém, se concentravam sobre aquela faixa de luz azulínea, a qual, à medida que se abeirava a hora do sepultamento, se intensificava; tínhamos a impressão de que aquele caminho iluminado era a passagem para uma Dimensão Desconhecida, para a qual, com certeza, Chico Xavier haveria de ser conduzido.

Dentro de poucos instantes, o silêncio se fez naturalmente maior e um venerável senhor, ladeado por Irmão José e Herculano Pires, este um dos vultos mais importantes da Doutrina nos últimos tempos, assomou discreta tribuna e começou a falar.

— Quem é? Perguntei, à meia-voz...

— Léon Denis — respondeu-me Odilon com um sussurro.

— “Meus irmãos — disse o inesquecível discípulo de Allan Kardec — eis que aqui nos encontramos reunidos, para receber de volta ao nosso convívio, aquele que, uma vez mais, cumpriu exemplarmente a missão que lhe foi confiada pelo Senhor de nossas vidas. Elevemos ao Infinito os nossos pensamentos de gratidão e de reconhecimento, porquanto sabemos das dificuldades que o espírito que moureja na carne enfrenta para desbravar caminhos à Verdade; o nosso amigo e mestre que, após longa e desgastante peleja, agora retorna à Pátria Espiritual, se constituiu num verdadeiro exemplo, não somente para os nossos irmãos encarnados, mas igualmente para os que necessitamos renascer no orbe e, por vezes, nos sentimos desencorajados... (...) Um ciclo se encerra, mas outro deve começar (...)”

Passados alguns instantes da alocução proferida por Léon Denis, perfumada aragem começou a soprar, balsamizando o ambiente. De onde será que provinha aquele suave perfume que, aos poucos, se intensificava, impregnando-nos o corpo espiritual? Tínhamos a impressão de que, caindo de Esferas Resplandecentes, aquele orvalho celeste, constituído de diminutos flocos luminosos, antecedia o momento em que o espírito Chico Xavier seria conduzido à ignota região da Vida Sem Fim.

Quando o fenômeno a que tento me referir se fez mais evidente, algumas explosões começaram a ocorrer na extensa faixa de luz azulínea que, agora, ia mudando de tonalidade, como se um arco-íris se estivesse materializando diante dos nossos olhos.

Gradativamente, cinco entidades foram se fazendo visíveis para nós, tangibilizando-se no pequeno espaço que me parecia reproduzir produzir a abençoada estrebaria em Belém...

Os cinco espíritos, que não posso lhes dizer que tenham assumido forma propriamente humana, foram sendo identificados por nós: eram Bezerra de Menezes, Emmanuel, Eurípedes Barsanulfo, Veneranda e Celina, a excelsa mensageira de Maria de Nazaré.

Diante da estupenda visão, todos sentimos ímpetos de nos ajoelharmos; muitos, efetivamente, se ajoelharam, com os olhos banhados de lágrimas.

Bezerra de Menezes, Emmanuel e Eurípedes Barsanulfo estavam, por assim dizer, mais humanizados, no entanto Veneranda e, especialmente, Celina, nos pareciam dois anjos alados, falenas divinas que se tivessem metamorfoseado apenas para que pudéssemos vê-las... Eu tinha a impressão de estar participando de um sonho que transcendesse a mais fértil imaginação.

Adiantando-se aos demais companheiros, Veneranda, que o tempo todo pairava no ar, começou a orar com sentimento que a palavra não consegue traduzir:

— “Senhor da Vida — exorou, sensibilizando-nos profundamente — aqui estamos para receber, de volta ao nosso convívio, um dos Vossos servidores mais fiéis que, após quase um século de lutas acerbas pela causa do Vosso Evangelho na Terra, regressa ao Grande Lar, com a consciência do dever cumprido.

Que as Vossas bênçãos envolvam o espírito naturalmente exaurido, restituindo-lhe as energias que se consumiram de todo por amor do Vosso Nome entre os homens, nossos irmãos! Que do seu extraordinário esforço não se perca, Mestre, uma única gota de suor, das que se misturaram às lágrimas anônimas vertidas por ele no testemunho da Fé. Que o trabalho de sua profícua existência no corpo físico continue a ser prodigiosa sementeira para as gerações do porvir, apontando o Caminho para quantos anseiam por seguir os Vossos passos...

Senhor, os que tão-somente agora, depois de séculos e século de sombras, nos convencemos da Vossa magnanimidade, vos agradecemos por não terdes consentido que o nosso irmão sucumbisse diante das provas e, em nada, se afastasse da trajetória que lhe traçaste no mundo — sabemos que, nos momentos mais difíceis, sem que nós mesmos pudéssemos perceber, a Vossa mão o sustentava para que não tombasse sob o peso da cruz que lhe pusestes aos ombros... Nós vos louvamos por terdes realizado nele a obra consagrada do Vosso amor, que, um dia, redimirá a Humanidade inteira.

E que, agora, ainda unidos ao espírito companheiro que soube transformar-se em exemplo de renúncia e de sacrifício, de desprendimento e de abnegação, possamos dar seqüência à tarefa que iniciastes há dois mil anos, da edificação do Reino de Deus sobre a face da Terra!...

Que a claridade sublime das Altas Esferas não nos faça ignorar os vales de sombras dos quais procedemos e nos quais acendestes, para sempre, a Vossa Luz... Que não nos seja lícito o descanso, enquanto o orbe planetário, onde tantas vezes expiamos as nossas faltas, se transfigure em estrela de real grandeza, a fulgir na glória dos mundos redimidos.

Abençoai, Senhor, os nossos propósitos que são os Vossos e que, hoje e sempre, possamos exaltar-Vos o Nome através de nossas vidas!...”

Terminando de orar, Veneranda e Celina se aproximaram de Cidália, que continuava a aconchegar em seu materno coração o espírito que foi nosso Chico, o qual, de quando a quando, estampava cândido sorriso, como se fosse uma criança participando de um sonho bom do qual jamais ousasse acordar.

O silêncio reinante era de tal ordem, que, aos nossos ouvidos, a voz inarticulada da Natureza nos parecia uma sinfonia; de minha parte, confesso-lhes que eu nunca tinha ouvido a música dos astros e nem podia imaginar que o próprio silêncio tivesse voz.

A faixa de luz azulínea que se transformara num arco-íris ainda se mostrava mais viva, e todos permanecíamos na expectativa do que não sabíamos pudesse acontecer.

Direcionando os sentidos, quis ver, naquela hora, como os preparativos para o féretro estavam desenvolvendo-se no Plano Físico e, justamente, quando começou a ser entoada a canção “Nossa Senhora” e os nossos irmãos começaram a movimentar-se, dando início ao cortejo, uma Luz indescritível, descendo por aquele leque iluminado que ligava a Terra ao Infinito — a faixa de luz que ali se instalara logo após ter sido armado o velório no “Grupo Espírita da Prece” —, uma Luz que, para mim, era muito superior à luz do próprio Sol e que me acionava a memória para a lembrança da visão que Paulo teve do Cristo, às portas de Damasco, repetiu com indefinível ternura:

— “Vinde a mim, todos os que andais em sofrimento e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

Aquela Extraordinária Visão, que sequer povoava os meus sonhos mais remotos de espírito devedor, estendeu dois braços humanos reluzentes e, quando notei que o Chico em espírito se transferia dos braços de Cidália para aqueles Braços que o atraíam, digo-lhes que, desde quando fui beneficiado com o laurel da razão, não tenho recordação de jamais ter chorado tanto...

Aquela Luz, que se humanizava parcialmente para que pudéssemos vê-la, estreitou Chico Xavier ao peito e depositou-lhe um ósculo santo na fronte e, em seguida, partiu, levando-o consigo, despedindo-se com inesquecível sorriso dos que continuavam presos ao abismo, sentenciados pelo tribunal da consciência culpada.

Foi Odilon que, depois de muito tempo, conseguiu falar, comentando conosco:

— Eu sempre que lia as páginas do Velho Testamento, ficava intrigado e colocava em questão a narrativa de que o profeta Elias fora conduzido ao céu por “um carro de fogo”... Agora sei que não se tratava de força de expressão ou algo semelhante.

(...)

Um grande vazio se fez após e, gradativamente, a faixa de luz foi se recolhendo de baixo para cima, à medida em que o cortejo celestial se retirava.

A praça em que nos havíamos reunido já se encontrava praticamente vazia; diversos grupos, procedentes de várias regiões da Espiritualidade, haviam partido e, agora, os curiosos e desocupados de além-túmulo se aproximavam, como que para vasculhar os espólios do concorrido velório...

Contrastando com a luz do corpo espiritual de eminentes entidades, esses outros nossos irmãos se mostravam opacos em seu novo veículo de expressão, dando-me a impressão de que, embora desencarnados, ainda não tinham logrado completa emancipação; muitos caminhavam sem qualquer desenvoltura, qual se fossem doentes com dificuldade para mudar o passo...

Identificando-nos na condição de adeptos do Espiritismo e amigos de Chico Xavier, começamos a ser abordados por aquelas entidades infelizes que, aos meus olhos, se assemelhavam a sobreviventes onde houvesse sido travada intensa batalha. A grande maioria exibia as vestes em farrapos e, além da obscuridade espiritual à qual já me referi, deixavam exalar de si quase insuportável odor...

— Por favor, auxiliem-nos! — disse-nos um deles, adiantando-se aos demais —Estamos convencidos de que, realmente, o mal não compensa... O que vimos acontecer hoje, aqui...

Olhando-me, significativamente, Odilon comentou:

— Quantas bênçãos a vida e a suposta morte de um verdadeiro homem de bem pode espalhar! Quantos não estarão sendo motivados à renovação íntima, ante o episódio da desencarnação do nosso Chico! ... Ele que, no corpo, descerrou caminhos para tanta gente, ao deixar a vestimenta física, prossegue orientando com os seus exemplos os que se desnortearam além da morte.

Faz-me recordar o que disse Jesus, no capítulo 12, versículo 24, das anotações de João: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto”...







Retirado do livro “Na Próxima Dimensão”, pelo Espírito Inácio Ferreira, psicografado pelo médium Carlos Alberto Baccelli (Capítulos 7 – 10, 13)