sexta-feira, 16 de abril de 2010

Semana do LIVRO DOS ESPÍRITOS

Virtudes

Todas as virtudes têm seu mérito. Há virtude toda vez que há a resistência voluntária ao arrastamento das más tendências. Sobretudo se há sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo sem segundas intenções.

É preciso fazer o bem por caridade, ou seja, com desinteresse. Entretanto o desejo natural de progredir não é condenável. A moral sem a ação é semente sem o trabalho. De que vos serve a semente se não a fazeis frutificar para vos nutrir?

Ora, se devemos ter a consciência do mal que fazemos, mais ainda devemos ter a consciência do bem a fim de sabermos se agimos mal ou bem. É pesando todas as ações na balança da lei de Deus e, sobretudo na da lei de Justiça, amor e caridade, que nós mesmos poderemos dizer a nossa consciência o quanto agimos bem ou mal, aprovando ou não essas ações. Não é repreensível que reconheçamos o triunfo sobre as más tendências, e disso estarmos satisfeitos, conquanto que disso não resulte vaidade. Aí, todo o esforço estaria perdido e estaríamos incorrendo em outra falta. Na vaidade, reside o maior mal da humanidade. O egoísmo.

Do egoísmo deriva todo o mal. Se estudarmos todos os vícios, veremos que no fundo deles estará o egoísmo. O egoísmo é incompatível com o amor, a caridade e a justiça...nele residem todas a chagas da sociedade. O egoísmo está fundado sobre o sentimento de interesse pessoal.

O homem de bem segue e busca a Lei Natural, a Lei de Deus. E, onde está escrita a lei de Deus? Na consciência.

“O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, amor e caridade na sua maior pureza. Se ele interroga sua consciência sobre os atos realizados, se pergunta se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que pode, se ninguém tem nada a se lamentar dele, enfim, se fez a outrem tudo aquilo que queria que os outros lhe fizessem (...). Respeita, enfim, em seus semelhantes todos os direitos que dão as leis da Natureza, como gostaria que respeitassem os seus”.

Repetimos: há virtude toda vez que há a resistência voluntária ao arrastamento das más tendências.

Façamos o seguinte questionamento: aquele que não fez o mal, mas se aproveita do mal feito por outro, é culpável no mesmo grau? Aproveitar-se é participar. Se, se encontra o mal feito e o usa, é por que o aprova e o teria feito, ele mesmo, se pudesse ou ousasse. Há virtude em resistir voluntariamente a um mal, sobretudo se há a oportunidade de fazê-lo. Mas, se falta oportunidade, apenas, então já há a culpa. Por isso, é preciso fazer o bem no limite de nossas forças, por que todos responderemos por todo mal que houver sido feito por causa do bem que não haja feito.

Referência:

Kardec, Allan, 1804-1869. O livro dos espíritos / coletados e colocados em ordem por Allan Kardec; Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2004.

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